Era noite de lua cheia, mas no céu, a lua não brilhava, chovia muito, era sexta-feira. Marina telefonou para Paula e convidou-a para ficarem olhando a chuva pelo vidro da janela para ver se aparecia alguma coisa fantástica, pois sua avó tinha lhe dito que nas noites de sexta-feira de lua cheia costumava acontecer coisas misteriosas.
Paula que também era muito curiosa, de imediato prontificou-se a observar com a colega, através do vidro da janela de sua casa, a profunda escuridão que só era aplacada com a luz dos relâmpagos que surgia no céu carregado de nuvens negras e grossas.
As duas meninas aflitas em ver o que se passava na enigmática noite de sexta-feira de lua cheia, puseram-se a olhar, cada uma de sua casa a imensa e ruidosa noite de chuva.
Ficaram olhando por muito tempo aquela noite que causava tanto pavor às pessoas mais idosas. O tempo passava e nada acontecia. Marina resolveu ligar para Paula, a fim de saber se ela ainda se encontrava posta e, na expectativa de ver algo que lhe causasse espanto.
A amiga de imediato atendeu ao telefone e foi logo perguntando:
_Marina, você viu o que eu vi?
Marina assustou com a pergunta da amiga e seu corpo todo foi tomado por fortes arrepios, e depois de alguns segundos conseguiu responder a pergunta da amiga:
_O que você viu Paula? Eu não vi nada!
Paula percebendo o nervosismo da colega respondeu sorrindo que era apenas uma brincadeira, e que ela também não tinha visto nada. Por algum tempo elas desviaram a atenção para outro tipo de conversa fútil, e acabaram esquecendo a tenebrosa noite escura e chuvosa de sexta-feira de lua cheia. Quando de repente, elas ouviram um enorme uivo que estremeceu as duas por dentro.
Marina soltou um grito de pavor quase estourou os tímpanos de Paula. As duas apenas com o telefone grudado no ouvido, mas ambas mudas de medo constataram com a claridade de um relâmpago uma pavorosa criatura nos jardins de sua casa.
A criatura era peluda com unhas e orelhas enormes e uma boca indecifrável, possuidora de enormes dentes que pareciam afiadíssimos!
As meninas imobilizadas nos seus postos e mudas de pavor continuaram olhando perplexas para a escuridão que se fazia no jardim.
De repente, Marina só ouve os gritos de Paula pelo telefone que ainda continuava colado em seu ouvido.
Depois de chamar por várias vezes a amiga, esquecendo todos os seus temores sai em disparada para a casa de Paula, que ficava a uns 50 metros da sua.
Chegando lá ela bateu a porta e ninguém abriu. Bateu com mais força e já desesperada percebeu que Paula estava só. Então ela rodeou a casa e foi até aos fundos, lugar onde ficava o quarto da colega. Logo na chegada cortou os pés, pois na aflição de ver o que acontecera com amiga, acabara saindo descalça.
Com a dor do corte ela percebeu que a janela tinha sido quebrada, então entrou e ficou pasmada! Totalmente paralisada ao ver o corpo de sua querida amiga irreconhecível por tantas mordidas e pedaços arrancados indubitavelmente por dentes muito afiados!
Marina saiu atordoada! Chegando em casa tentou acordar o pai e a mãe para pedir ajuda, porém só encontrou a mãe num sono profundo, totalmente dopada!
Marina ligou para a polícia pedindo ajuda e esperou apavorada por socorro. Aquele fim de noite foi um tormento.
No dia seguinte, todos estavam chocados e perturbados com tal fato. Marina resolveu dar uma volta no jardim para ver se o ar fresco a fazia espairecer um pouco. Repentinamente seus olhos se deparam com vários pêlos grossos e para sua surpresa e espanto, logo adiante ela encontrou pedaços de pano de seda que pareciam pertencer alguém muito próximo a ela!
Núbia Régia de Almeida