segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Internet é lugar de autoria ou plágio?

Com a universalização dos recursos tecnológicos houve a necessidade das escolas inserir em seu currículo práticas de ensino voltadas a atender esse componente curricular, porém não tem sido fácil para os professores atender de maneira satisfatória essas exigências, visto que hoje as crianças desde bem pequena já tem um contato direto com as ferramentas tecnológicas e sem o menor receio de manuseá-las.
Os professores por não dominar esses recursos sentem receio em utilizar as tecnologias para complementar suas aulas, tornar o ensino mais eficaz, e por medo de serem envergonhados pelos alunos que já estão um passo bem avançado nesse quesito, e mais ainda estão receosos quanto a perda de espaço e da profissão pelas tecnologias.
Pedro Demo em seu artigo “Habilidades do Século XXI” adverte que se o professor não participar de formação continuada para apoderar-se dos conhecimentos tecnológicos a fim de aplicá-los em suas aulas, em seu plano de ensino ele poderá sim ser substituído pelas tecnologias, o mesmo ficará sem espaço no mercado de trabalho.
Entretanto Pedro Demo enfatiza que mais do que necessário o domínio dos recursos tecnológicos é ensinar aos alunos como utilizá-los, é ensiná-los a pesquisar e filtrar na internet conteúdos sérios para ter fundamentos na hora da elaboração de seus textos baseados em suas conclusões, percepções, visão crítica do assunto abordado. Caso contrário, a internet será uma fonte para plágios e mais plágios e os alunos perderam a oportunidade de crescer intelectualmente através de produções de sua autoria, bem como de produções coletivas.
Indubitavelmente a internet é um lugar de autoria, precisa ainda ser desenvolvido um trabalho por parte de muitos professores para esclarecer, ensinar aos alunos a apropriar de forma adequada dos textos e ferramentas disponíveis na internet para ampliar as habilidades e capacidades dos educandos de desenvolver o raciocínio nas produções autorais de seus textos.



Bibliografia
DEMO, Pedro, Habilidades do Século XXI, Boletim Técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 34, n.2, maio/ago. 2008. Disponível em http://www.senac.br/BTS/342/artigo-1.pdf. acessado em 15 de ago de 2010.

Sexta-feira

Era noite de lua cheia, mas no céu, a lua não brilhava, chovia muito, era sexta-feira. Marina telefonou para Paula e convidou-a para ficarem olhando a chuva pelo vidro da janela para ver se aparecia alguma coisa fantástica, pois sua avó tinha lhe dito que nas noites de sexta-feira de lua cheia costumava acontecer coisas misteriosas.

Paula que também era muito curiosa, de imediato prontificou-se a observar com a colega, através do vidro da janela de sua casa, a profunda escuridão que só era aplacada com a luz dos relâmpagos que surgia no céu carregado de nuvens negras e grossas.

As duas meninas aflitas em ver o que se passava na enigmática noite de sexta-feira de lua cheia, puseram-se a olhar, cada uma de sua casa a imensa e ruidosa noite de chuva.

Ficaram olhando por muito tempo aquela noite que causava tanto pavor às pessoas mais idosas. O tempo passava e nada acontecia. Marina resolveu ligar para Paula, a fim de saber se ela ainda se encontrava posta e, na expectativa de ver algo que lhe causasse espanto.

A amiga de imediato atendeu ao telefone e foi logo perguntando:

_Marina, você viu o que eu vi?

Marina assustou com a pergunta da amiga e seu corpo todo foi tomado por fortes arrepios, e depois de alguns segundos conseguiu responder a pergunta da amiga:

_O que você viu Paula? Eu não vi nada!

Paula percebendo o nervosismo da colega respondeu sorrindo que era apenas uma brincadeira, e que ela também não tinha visto nada. Por algum tempo elas desviaram a atenção para outro tipo de conversa fútil, e acabaram esquecendo a tenebrosa noite escura e chuvosa de sexta-feira de lua cheia. Quando de repente, elas ouviram um enorme uivo que estremeceu as duas por dentro.

Marina soltou um grito de pavor quase estourou os tímpanos de Paula. As duas apenas com o telefone grudado no ouvido, mas ambas mudas de medo constataram com a claridade de um relâmpago uma pavorosa criatura nos jardins de sua casa.

A criatura era peluda com unhas e orelhas enormes e uma boca indecifrável, possuidora de enormes dentes que pareciam afiadíssimos!

As meninas imobilizadas nos seus postos e mudas de pavor continuaram olhando perplexas para a escuridão que se fazia no jardim.

De repente, Marina só ouve os gritos de Paula pelo telefone que ainda continuava colado em seu ouvido.

Depois de chamar por várias vezes a amiga, esquecendo todos os seus temores sai em disparada para a casa de Paula, que ficava a uns 50 metros da sua.

Chegando lá ela bateu a porta e ninguém abriu. Bateu com mais força e já desesperada percebeu que Paula estava só. Então ela rodeou a casa e foi até aos fundos, lugar onde ficava o quarto da colega. Logo na chegada cortou os pés, pois na aflição de ver o que acontecera com amiga, acabara saindo descalça.

Com a dor do corte ela percebeu que a janela tinha sido quebrada, então entrou e ficou pasmada! Totalmente paralisada ao ver o corpo de sua querida amiga irreconhecível por tantas mordidas e pedaços arrancados indubitavelmente por dentes muito afiados!

Marina saiu atordoada! Chegando em casa tentou acordar o pai e a mãe para pedir ajuda, porém só encontrou a mãe num sono profundo, totalmente dopada!

Marina ligou para a polícia pedindo ajuda e esperou apavorada por socorro. Aquele fim de noite foi um tormento.

No dia seguinte, todos estavam chocados e perturbados com tal fato. Marina resolveu dar uma volta no jardim para ver se o ar fresco a fazia espairecer um pouco. Repentinamente seus olhos se deparam com vários pêlos grossos e para sua surpresa e espanto, logo adiante ela encontrou pedaços de pano de seda que pareciam pertencer alguém muito próximo a ela!


Núbia Régia de Almeida

Solidariedade

Vamos ajudar o próximo
Deixe de olhar
Para o próprio umbigo
E seja mais amigo,
Solidário, humanitário.

Abra o coração para as pessoas,
Converse, dê atenção,
Estenda a mão,
Console, chore,
Mostre interesse pelos seus problemas
Faça-as ver que também tem dilemas
E juntos;
Podemos vencer qualquer conflito
E ver na vida
O que há de mais bonito!


Núbia Régia de Almeida

Infância Cruel

Tão pequenino,
Porém, com agilidade
De gente de idade
De repente...
Seu olhar se perde
No meio daquele mundo cruel;
E sua cabeça viaja
Para mundos
Por ele nunca imaginados,
Mas...

Acorda com um supetão
E um palavrão:
_”Vai trabalhar moleque safado,
Quem o mandou pobre nascer?
Agora tem que sofrer!”

Um leve pensamento
Passa por aquela cabeça sensata:
“... e me deram chance pra escolher?”




Núbia Régia de Almeida

Olhares

Olhar ardente,
Queimando de paixão.
Olhar compenetrante,
Cheio de emoção.
Olhar furtivo, desconfiado
Por algo que fez de errado.
Olhar efusivo, se tivesse poder,
O outro já não estaria mais vivo!
Olhar dissimulado...
Tentando enganar quem está do lado.
Olhar falso,
Destruidor do sentimento amor.
Olhar picante,
Tem o poder de despir à amante!
Olhar atraente,
Conquistando toda gente...

O amigo diante do olhar sincero,
Todo segredo revela.
E os filhos se sentem protegidos,
Pelo olhar compreensivo
De seus pais queridos.

Existem também:
O olhar insistente
Que mexe com as mocinhas inocentes,
O olhar provocador
Que derrete o coração do amor,
O olhar despreocupado
Capaz de acalmar o sujeito mais atordoado,
O olhar fingido
Capaz de irritar qualquer indivíduo!
E também o olhar simpatizante,
Que alegra qualquer semblante!

E são tantos os olhares,
Em cada ocasião se descobre um,
Despertando emoções em qualquer um!

Núbia Régia de Almeida

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O bom da vida é viver!

Momentos que marcaram minha vida!

Ensinar ou não ensinar Literatura?


Ensinar ou não ensinar Literatura?
* Por Núbia Régia de Almeida

Questiona-se muito a respeito da importância de se ensinar Literatura no ensino fundamental e médio, visto que se entende Literatura como ficção e, por isso, tanto para muitos alunos e pais quanto para alguns professores, parece que a ficção é tomada como oposta ao real, o que serve como forte pressuposto para o questionamento de sua aprendizagem.

Sabe-se que a disciplina de Literatura no ensino médio faz parte do componente curricular, o que torna seu ensino obrigatório. Entretanto, no ensino fundamental, os docentes procuram ensiná-la dentro da disciplina de Língua Portuguesa. Não quero com esse questionamento passar a falsa idéia de que a escola, alunos ou pais possam optar por ter ou não ter o ensino da Literatura. O Intuito desse texto é apresentar dados que possam contribuir para responder esta questão: por que ensinar Literatura, já que se trata de ficção?

Sendo a Literatura uma obra de ficção, não deixa de ter como instrumento a linguagem e como diz a poetisa e escritora Suzana Vargas, no livro Leitura uma aprendizagem de prazer. Editora José Olímpio. “a linguagem é o real, é o modo como o entendo e o expresso. O imaginário é também o real enquanto expresso pela linguagem”.

Do ponto de vista da linguagem literária não há verdade ou mentira, pois os textos se constroem de tal forma, com características discursivas específicas, que não cabe ao leitor julgar a linguagem verdadeira ou mentirosa.

Para não ficarmos apenas no âmbito do verdadeiro ou ficcional, é interessante observarmos que justamente o critério ficcional do texto literário, considerado por alunos, pais e educadores para justificarem o afastamento da Literatura, é que nos possibilita por meio de outras dimensões alargar o nosso conhecimento, porque sendo o texto ficção possui como característica essencial a plurissignificação, isto é, permite ao leitor várias maneiras de ler o texto, exigindo dele uma participação ativa que possibilitará a interação com o texto.
Assim, a obra literária não é um produto fixo; ganha vida própria na medida em que o leitor interage com ela – decodificando-a, aceitando-a e a rejeitando – e, desse modo, ele vivencia a leitura tornando-a uma obra viva.

Estudar as obras literárias leva o aluno a conhecer vários aspectos de determinado período, como fatores históricos, sociais e psicológicos, pois, por meio delas, os autores imprimem marcas expressivas de determinada geração. O estudante, ao entrar em contato com esses livros, irá abstrair por meio da leitura informações predominante daquele período em que a obra foi escrita.

Literatura é arte e, por ser ficcional, deve ser apresentada aos alunos como algo que pode ser recriado e não como uma disciplina estanque. Ela precisa ser explorada com dinamicidade e criatividade, a fim de acrescentar subsídios ao crescimento e conhecimento do leitor. O professor deve adotar procedimentos nos princípios da transversalidade e da descompartimentalização do saber. É sabido que todo texto literário veicula saberes e que no momento da leitura o aluno pode desencadear novas aprendizagens decorrentes de suas experiências e emoções. É interessante que o professor contextualize a época em que o texto foi composto, pois permitirá ao aluno fazer um paralelo entre o cotidiano que vive e a realidade que provocou o autor a compor a obra literária

O pressuposto básico é de que o professor deve ser um bom leitor e deve exercer o papel de mediador do texto com o leitor, provocá-lo, para que tenha curiosidade em descobrir as emoções causadas por uma leitura, fazer reflexões, adquirir referências e, quem sabe, mudar a maneira de pensar e agir.

Segundo Antônio Cândido, crítico literário e sociólogo e autor de Vários escritos.Editora Duas Cidades e Literatura e Sociedade – Estudos de Teoria e História Literária. T.A. Queiroz Editor , não há povo e nem homem que possa viver sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação, assim como não conseguimos passar 24 horas sem sonhar durante à noite, ou sem se entregar em alguns momentos do dia ao mundo das fábulas, dos sonhos e da fantasia. Ele vê a literatura como manifestação universal de todos os homens e em todos os tempos e, como tal, corresponde a uma necessidade universal que precisa ser satisfeita. Diante do exposto, fica aí a pergunta: é importante ou não ensinar Literatura?
(1) VARGAS, Suzana. Leitura uma aprendizagem de prazer. Rio de Janeiro, José Olympio, 3ª Ed. 1997.
CANDIDO, Antonio. Vários escritos. São Paulo, Duas Cidades, 3ª Ed. Revista e ampliada, 1995.
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade estudos de Teoria e História Literária. São Paulo. T.A. Queiroz Editor, 8ª Ed. 2000.
* Núbia Régia de Almeida é professora graduada em Letras e especialista em Supervisão Escolar e em Gestão Educacional. Técnica de Monitoramento de Gestão da Diretoria Regional de Ensino de Araguaína, no Tocantins. E-mail: nubiaregia20@gmail.com